quinta-feira, 5 de março de 2009

NOSSO CORPO DÁ VOLTAS...

3 dias de trabalho com a ânsia de quem voltou do carnaval com todo o gás. Saudades do processo, dos amigos, do teatro, do ter-ato.
A 6ª foi aquela bagaceira de sempre, com todo mundo querendo o depois. É chato isso de fazer algo com a cabeça em outra coisa, ou gente, ou sei-lá-quê. Ensaia, porra, e depois cai no mundo. Tem a madrugada toda pra isso. Lembra só de dormir direito no domingo que 2ª começa tudo de novo. O negócio foi tão sério que até o ensaio de 4ª com toda a folga e álcool e nem quero pensar o quê mais foi muito mais produtivo. ENTENDA-SE: 6ª não foi ruim, mas podia ter sido muito melhor!!! Ver o Tatu dormindo em pleno ensaio foi escroto! Vão dizer que eu sou chato, CDF, carola, generalista, certinho, o escambau. Foda-se! Sou mesmo!
Reclamações à parte, temos 95% do espetáculo marcado e algumas cenas até já bem definidas, entrando em fase de afinação. Temos um elenco só, nada de músicos e atores, mas artistas. Todos tocando, todos atuando, todos aprendendo. Sônia, nossa luz, sempre atenta, construindo réstias, batom em punho, é uma verdadeira alegria. E o Neto, aprendendo com a mão na massa, quieto e ainda tímido? Bom de ver! Até o Gemaque e o Andrew ganharam seu momento onde-está-wally no espetáculo. Não gostaria o Aníbal de ter o seu momento Hitchcock também?
O labirinto a que o texto nos induziu na leitura agora é realidade. O cenário de metalon e voal, móvel, dinâmico e manipulável. Enormes guarda-sóis são a copa das árvores centenárias e as flores branco-rosa dos rios barrentos de tecido e vara. A construção desses elementos fica a cargo do SÉRGIO CARVALHO e MILTON AIRES.
Bonecos e atores e manipuladores e personagens se misturam num limite tênue de água, ar e mata.
Os personagens agora têm cores-personalidade: quentes – do amarelo ao vermelho – para a irascível Caninana; tons de azul para o doce e firme Norato. Lilás para ambos, ponto de encontro dos gêmeos. Laranja para a apaixonada Jacira, verde para o sapeca Manduca, vermelho para o Curupira e branco e terra para Nhofy e Laíla, entidades dessas matas-labirinto.
Os figurinos fugirão ao estereótipo regionalista esperado e apesar do corte naturalista, buscará na contemporaneidade, estranhamento de cores e tratamento de aplicações o reconhecimento de cada personagem.
É tudo muito gostoso e cada nova cena, descoberta, ou elemento faz tudo ganhar uma nova e maior dimensão. Crescem também os atores e suas performances, velhos cacoetes sendo combatidos, atenção redobrada aos comando do Pacha.
A velha e boa cumplicidade que nos une, inclusive nos telefonemas e mensagens e visitas que chegam daqueles que, desta vez não estão conosco na ribalta.
Arte também é isso: comunhão, rusgas e algum contorcionismo para vencer tudo isso.

Beijos desdobrados.
HUDSON ANDRADE
02 de março de 2009 AD
12h40

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