terça-feira, 10 de novembro de 2009

“SE TEM UMA COISA QUE EU NÃO TENHO... É MEDO!”




para ler ao som de Pecado, de Carlos Balk e Pontier y Francini.

“Yo
no sé si es prohibido
Si no tiene perdón
Si me lleva ao abismo
Solo sé
que és amor.”


Se pecar é querer-ser feliz, então meu amigo João Lucas pecou um bocado. (Ele e toda a humanidade!)
E se é verdade que não existe pecado do lado de baixo do Equador, então tá tudo certo e ele foi pro Céu! Não esse Paraíso idílico, níveo, modorrento, mas aquele que nós e o Milton(1) perdemos por desejarmos viver além da conta.
E o João Lucas viveu! Viveu, não, vive!!! Vamos acabar com essa finitude judaico-cristã que até onde me conste ele nem era partidário disso e eu muito menos! Parece que depois do acidente de um tempo atrás um pisca-alerta acendeu. Um contador de dias às avessas, diminuindo o tempo ao invés de somá-lo como deveria ser o que chamamos natural. E ciente disso ele investiu tempo, saúde, inteligência, desejo, tesão, insônia, sono, sonho, tudo quanto tinha pelo Direito – seu e alheio –, pela Arte, pela Vida, vertida na mesa dos homens de vida vazia-vadia(2). Mas, vida, ali, quem sabe, meu caro Lucas, foste feliz. Eu sei que foste. Quem te ama sabe que foste. Agora precisaste dar um tempo e apesar da curta temporada gregoriana que estiveste conosco em carne que nos faz sentir tanta saudade, temos que te deixar ir porque isso é devido a quem se ama!
Da minha parte, vai. Ainda parafraseando o Chico, sei que além das cortinas há palcos azuis e infinitas cortinas com palcos atrás e isso vai até o infinito, meu caro. Essa vida, mano, é só um véu e nos cabe tirá-lo. Mais um se foi pra ti. Espero que consigas ver melhor agora. Te conhecendo como te conheço, tenho certeza que sim!
Espeju, Lucas. Nós se encontra (não, eu não errei!) pra lá dos rio das Icamiabas, longe, longe(3), mundiados desse bem-querer sem termo.
Até lá!

HUDSON ANDRADE
10 de novembro de 2009 AD
12h08
Belém – Pará

(1) Paraíso Perdido. John Milton
(2) Vida. Chico Buarque
(3) O Uirapuru. Hudson Andrade

sábado, 11 de abril de 2009

VAMOS AO TRABALHO

Vamos ao trabalho
E só há uma maneira de fazê-lo direito: bem feito.
Senão é melhor nem começar!!!!
Tudo caminhando conforme é devido, já foi questionado quem seriamos durante os acontecimentos do espetáculo, depois por quê? E para quê? Dadas as devidas respostas nos foi passada a responsabilidade de esboçar nossas vestimentas e de acordo com nossas respostas de Quem? Por quê? E para que? Que tal? Está ficando ou não cada vez mais empolgante essa jornada? “Para mim tá bão e tá bão mermo!!!” espero que minha roupa agrade, minhas idéias são meio malucas, mas acho que estão bem fundamentadas.

Beijos e abraços,

GEMAQUE
06 de março de 2009

A DEFINIR

O tempo não pára e diante disso não podemos nos acomodar esperando soluções caírem do céu. Estamos às vésperas de uma estréia e há menos de uma mês do inicio da temporada ainda falta muito para estarmos prontos e não adianta estresse e nem desespero. Esse é o momento de falar e correr atrás, falar no momento certo quando dúvidas são expostas e perguntas são direcionadas, nada de silêncio quando precisamos encontrar respostas! A cada dia que passa ficamos mais perto do grande momento e precisamos encontrar nosso foco e manter a concentração para que tudo corra bem e ninguém se arrependa de não ter feito algo corretamente; para começar , seria muito conveniente se definíssemos o figurino amanhã, pelo menos isso, para que daqui pra frente, em progressão geométrica, alcançarmos nossa meta: um trabalho bem feito,
Com muita fé em nosso trabalho,


GEMAQUE
10 de março de 2009

Nota: Na foto, Lucas, Hudson, Neto, Laíla e Mary escutam as explicações de Aníbal Pacha.

CHEGOU O MOMENTO DA LAPIDAÇÃO!


Esse momento é o mais trabalhoso, tirar os excessos, limpar os movimentos que não dizem absolutamente nada para a encenação, melhorar a articulação, foco etc.
Fora essas coisas que precisam de cuidado, têm ainda a memória corporal, que tem que estar a favor do ator, você precisa lembrar exatamente o que já se fez em cena para poder repetir, repetir e repetir exaustivamente e cada vez que repetir melhorar a cena como um todo.
Difícil? Sim! Para alguns é bem difícil para outros é apenas trabalhoso, alguns do elenco que o digam.
Penso que para o diretor seja também uma tarefa difícil; alguns conseguem realizá-la com precisão e bom humor, outros só enrolam na hora de dirigir, claro que Aníbal Pacha tem de sobra bom humor e precisão.
O diretor precisa estar muito atento com que o ator executa em cena e ler as várias camadas que o ator constrói a partir dos movimentos corporais e vocais.
Ele, o diretor, tem que lembrar exatamente de tudo que o ator fez em cena, pois se precisarem voltar às cenas e se por acaso o ator não se lembrar de detalhes do que executou, o diretor tem que lembrá-lo para que não se perca nada do que já se construiu.
Então penso que a lapidação seja a parte mais difícil e trabalhosa.
Temos que ajudar o diretor nesse momento e devemos por obrigação ou não se divertir.
E essa é a melhor parte!

CLECIANO CARDOSO
Nota: na imagem, o diretor Aníbal Pacha.

sexta-feira, 6 de março de 2009

PLENO DO SANTO ESPÍRITO



Para o Andrew foi o começo. Para o Nhofy foi o melhor ensaio, até porque não ficamos repetindo e repetindo.mal ele sabe em que há de chegar o dia de ficar repetindo e repetindo e é isso que garante a excelência. Gemaque e Neto também expressaram seu contentamento e todo mundo parecia pleno, cheio, diria mesmo saciado, desses gozos que enchem o peito e deixam a pele danada de boa! Temos uma pequena preocupação com o espaço. A Casa da Linguagem não possui espaço para que guardemos nosso material lá e o Cabrali tem que ficar levando e trazendoos instrumentos nas costas. O Neto ajuda, mas além de não ser bacana, anda é arriscado. Pelo nosso patrimônio e, sobretudo pela integridade dos dois. O Frank vai tentar resolver a sala de ensaios do SIT, mas se não rolar, teremos problemas, porque vai chegar cenário, bonecos e cadê lugar pra tudo isso? A falta de um espaço próprio pesa demais. Vejo outras companhias com o mesmo problema e penso (já pensei) num acordo em que duas, ou mais companhias dividíssemos custos de um espaço e organizassem sua ocupação. Mas é complicado. Aluguéis muito altos e todos praticamente trabalhando à noite o que seria o grande ponto de discussão na hora de partilhar o tempo.
Por enquanto vamos que nem folha no vento, contando com a valiosa ajuda de amigos como os Modernos e agora o Aldo e este espaço que nos recebe. Até quando?

E depois de um discurso que eu considero apaixonado em defesa de uma idéia do Nhofy (ver Quem somos Nós?), fechamos que enquanto não estivermos de personagens seremos um outro personagem: a escuridão da floresta. O Aníbal pediu que pensássemos bem nisso e que na sexta receberíamos um papel onde desenharíamos o que é isso. É, mano, é o Pacha botando a gente pra trabalhar/1 tá certo!!!
Que felicidade! Que felicidade! Que felicidade! O Pacha convida a gente pra sentar. Muito obrigado. Frank, uma cerveja! Só tem Kuat, Todo Dia, água e toma-lhe biscoito e bolacha e pão e queijo e agora café. Graças a Deus!
Que seja cada dia cada vez mais.

Beijos transbordantes,

HUDSON ANDRADE
04 de março de 2009 AD


17h15

FRONT




Esta é a primeira participação minha na criação de um espetáculo, e como todas as experiências em nossas vidas, esta vem cheia de desafios e novidades, medos, sustos, aprendizados, enfim, tudo no final propõe superação e soma a nossa vida como um tijolo fundamental no alicerce de nosso ser. Descobri novos amigos e tenho aprendido a ser mais sutil com meus movimentos e gestos; alguém que se dedicou às artes marciais a vida toda e agora precisa se mover com delicadeza para não estragar a proposta da cena é foda, mas é bom remodelar nossa postura. Havia escrito um texto anteriormente, mas perdi o manuscrito e a digitação dele nunca chegou ao e-mail da companhia, acho mesmo que ele não queria ser lido... De certa forma foi até bom, porque 13 linhas de rabiscos era pouco para narrar minhas aventuras neste novo aprendizado de minha vida. Assistir a uma “peça de teatro” é totalmente diferente de participar de toda a criação de um espetáculo, como disse Andrew hoje( terça-feira, 03 de março de 2009) : “eu já havia trabalhado com teatro, mas não com gente desse nível tão alto”; e mais, foi em minha adolescência, a ultima vez quando eu tinha dezesseis anos, já tenho vinte e quatro!!!
É muito mágico lembrar que no começo a gente ficava lendo o texto, trocando as falas, relendo o texto, mergulhando em viagens extra – Freudianas, mas não saía do papel; em seguida vieram as propostas de cena, os primeiros esboços dos atores para os personagens e agora, agora já desenhamos cenas inteiras, não o espetáculo quase que por inteiro, mas já tem um esboço! Como o Aníbal sempre diz: “ Ainda não tem nada fechado, viu, gente?” Mas já estamos caminhando para o diamante lapidado.
Eu que pensei que ia ficar por trás das cortinas ajudando com qualquer coisa, fui colocado em cena ajudando um personagem a se transformar. Imaginem só que presentão! Aníbal, sei que andei dando umas faltadas, mas respondendo a sua dúvida: PODE CONTAR COMIGO, SIM. EU VOU FAZER O MELHOR IMPOSSÍVEL PARA AJUDAR!
A moleza acabou, não tem mais como relaxar, agora é trabalho, liguem o FODA – SE e esqueçam o descanso, agora é guerra. SEJAM BEM VINDOS AO FRONT!!!!!!!!!!!!!!!!!!

KLÉBER GEMAQUE


04 de março de 2009 AD

QUEM SOMOS NÓS?


Olha, eu até tentei fazer diferente e escrever só no caderno, mas não dá. Aceita, garoto Andrew! Eu sou um escritor e metido a poeta e não consigo muito fácil escrever sem metafísicas. Logo, aqui vai!
Quem somos nós? É a pergunta do Aníbal para solucionar uma questão cênica de ator / manipulador / personagem / boneco. Quando penso nisso me ocorre o filme homônimo que tenta explicar coisas espirituais pela física quântica. A ciência querendo explicar o que a razão já consegue compreender sem matemática. Pois bem. Perguntar quem somos nós me remete à essência das coisas. À quintessência. Seu eu-profundo. Daí não me sai da cabeça a tacada de mestre do Nhofy quando disse que éramos a ESCURIDÃO DA FLORESTA! Caralho! Gênio! Mesmo que eu me debruce sobre a minha própria opinião e a afunile, como pediu o Pacha, para os vegetais da floresta, não fico mais satisfeito. Seria algo realmente mágico as árvores se moverem e estaríamos camuflados para manpular os biombos, como os soldados nos treinamentos de selva. Mas isso deixou de ter o mesmo encanto. Poderíamos ser os animais, ou outros seres e recorro a imagem do Cirque du Soleil para o espetáculo Varekai e a miscelânea de criaturas estranhas. Mas o Aníbal pediu uniformidade. Daí retorno à escuridão. Ela é um elemento presente demais. Quem já não entrou num lugar qualquer e viu nas sombras o que os olhos só veriam na luz? Quem não sentiu um arrepio ao acordar de madrugada e perceber que não há energia elétrica e eu não sei mais pra que lado fica a porta do quarto? Que criança não temeu o escuro como uma entidade real e faminta onde mora o Bicho-papão (na verdade ele mora nos armários e guarda-roupas!), a Cuca e o Homem do Saco? Mas a escuridão também protege e aninha e é ela que nos recebe quando ficamos chateados e nos trancamos no quarto, ou que atiça nosso sistema nervoso para liberar substâncias calmantes para uma boa noite de sono (para os que têm boas noites de sono!).
A escuridão resolve ainda cenicamente a questão da manipulação dos bonecos pelo básico, do básico, do básico da roupa preta. Só que com alguma magia que neste espetáculo é imprescindível.
Quem somos nós? Somos pedaços de negrume, de noite, de sombra. Criaturas escuras e silenciosas que conduzem os mortais ao sono, ao sonho e, por que não, perto da morte? Mas aqui a morte da realidade, pra que surja um mundo de encantarias nada tolas.
De tudo o que rolou no ensaio, principalmente a sempre grata atividade musical com o Cabrali – que ainda não foi de todo e por todos reconhecida como imprescindível para a harmonia do espetáculo –, ficou essa fala do Nhofy: somos a escuridão da floresta.
É isso que somos. Assim como o canto do Uirapuru que ele e a Laíla criaram e que já impregnou na minha cabeça, isso também já é: SOMOS A ESCURIDÃO DA FLORESTA!

Beijos escuros e noturnos,

HUDSON ANDRADE
03 de março de 2009 AD

16h19

- Tarde chuvosa de terça -

T(r)ocando os instrumentos

Ontem tivemos nosso primeiro ensaio com música. Cabrali é o diretor musical do Uirapuru. Desta vez ele não tocará em cena como nos outros espetáculos, isso cabe ao Nhofy e à Laíla, e também a nós outros.
Ter dois músicos em cena como atores é novo, e ser músico em cena muito mais. Não se trata de uma troca de papéis, acredito que seja uma soma de trabalhos, de experiências... Assim como foi no exercício de ontem, onde cada um começou com um instrumento diferente e depois trocamos entre nós. Baquetas, triângulo, bumbo (é isso?), pandeiro e um outro instrumento de batuque que não sei o nome.
A princípio sempre me parece estranho o que o Cabrali sugere, mas é muito mais impressionante quando concluo o exercício e percebo que consegui, junto dos outros, extrair algum som no mínimo agradável dos instrumentos. E me irrito mais com minha ansiedade em experimentar sem antes perceber o que tenho que fazer, e sem ouvir as instruções. Respira, respira, respira, respira. Depois que trocamos de instrumentos pareceu que a coisa desandou. Ritmo e tempo eram outros e não conseguimos ajustar. Isso me faz pensar que a música dentro de um espetáculo como esse é fundamental, como se fosse mais um boneco que precisa ser manipulado por todos, com cuidado, cada movimento marcado e principalmente muita concentração.

Respeitosamente

MARY FERREIRA
Belém, 03 de março de 2009 AD

P.S. Ontem tivemos nosso 1° contato com o protótipo dos bonecos.


P.S. do P.S. Mas isso é assunto para amanhã.

quinta-feira, 5 de março de 2009

NOSSO CORPO DÁ VOLTAS...

3 dias de trabalho com a ânsia de quem voltou do carnaval com todo o gás. Saudades do processo, dos amigos, do teatro, do ter-ato.
A 6ª foi aquela bagaceira de sempre, com todo mundo querendo o depois. É chato isso de fazer algo com a cabeça em outra coisa, ou gente, ou sei-lá-quê. Ensaia, porra, e depois cai no mundo. Tem a madrugada toda pra isso. Lembra só de dormir direito no domingo que 2ª começa tudo de novo. O negócio foi tão sério que até o ensaio de 4ª com toda a folga e álcool e nem quero pensar o quê mais foi muito mais produtivo. ENTENDA-SE: 6ª não foi ruim, mas podia ter sido muito melhor!!! Ver o Tatu dormindo em pleno ensaio foi escroto! Vão dizer que eu sou chato, CDF, carola, generalista, certinho, o escambau. Foda-se! Sou mesmo!
Reclamações à parte, temos 95% do espetáculo marcado e algumas cenas até já bem definidas, entrando em fase de afinação. Temos um elenco só, nada de músicos e atores, mas artistas. Todos tocando, todos atuando, todos aprendendo. Sônia, nossa luz, sempre atenta, construindo réstias, batom em punho, é uma verdadeira alegria. E o Neto, aprendendo com a mão na massa, quieto e ainda tímido? Bom de ver! Até o Gemaque e o Andrew ganharam seu momento onde-está-wally no espetáculo. Não gostaria o Aníbal de ter o seu momento Hitchcock também?
O labirinto a que o texto nos induziu na leitura agora é realidade. O cenário de metalon e voal, móvel, dinâmico e manipulável. Enormes guarda-sóis são a copa das árvores centenárias e as flores branco-rosa dos rios barrentos de tecido e vara. A construção desses elementos fica a cargo do SÉRGIO CARVALHO e MILTON AIRES.
Bonecos e atores e manipuladores e personagens se misturam num limite tênue de água, ar e mata.
Os personagens agora têm cores-personalidade: quentes – do amarelo ao vermelho – para a irascível Caninana; tons de azul para o doce e firme Norato. Lilás para ambos, ponto de encontro dos gêmeos. Laranja para a apaixonada Jacira, verde para o sapeca Manduca, vermelho para o Curupira e branco e terra para Nhofy e Laíla, entidades dessas matas-labirinto.
Os figurinos fugirão ao estereótipo regionalista esperado e apesar do corte naturalista, buscará na contemporaneidade, estranhamento de cores e tratamento de aplicações o reconhecimento de cada personagem.
É tudo muito gostoso e cada nova cena, descoberta, ou elemento faz tudo ganhar uma nova e maior dimensão. Crescem também os atores e suas performances, velhos cacoetes sendo combatidos, atenção redobrada aos comando do Pacha.
A velha e boa cumplicidade que nos une, inclusive nos telefonemas e mensagens e visitas que chegam daqueles que, desta vez não estão conosco na ribalta.
Arte também é isso: comunhão, rusgas e algum contorcionismo para vencer tudo isso.

Beijos desdobrados.
HUDSON ANDRADE
02 de março de 2009 AD
12h40

Mangueira! Estou aqui na plataforma da estação...
Esta é a melhor parte do processo para mim, é neste momento em que agente consegue ver os vários caminhos, possibilidades, estradas, vidas, mistérios e máscaras que o personagem pode ter, diferente de Hudson Andrade que diz gostar mais dos ensaios do que das apresentações, eu gosto muito dessa etapa, as cenas tomando forma, cor e até mesmo cheiro (como a do curupira e manduca que tem cheiro de terra molhada e folhas verdes, folhas essas que ainda vão ser colhidas pelo Norato numa cena mais a frente, mas muita calma nessa mata - hora) as cenas ganhando ritmo, os personagem ganhando andar, direcionamento, situações e gestos muitos bem desenhados e precisos.claro que ainda temos que trabalhar muito para que tudo isso aconteça mais já estamos nesta estação-etapa das experimentações corporais e o elenco tem alguma bagagem ou algumas com a licença da palavra.
Espero que nesse momento a gente realmente enxergue muitas possibilidades para depois escolher uma ou duas ou elas as possibilidades se encarregarem disso de nos escolher.
E que o elenco não tenha medo do ridículo como diz Aníbal.
Sabemos que para isso precisamos de respeito e confiança do grupo, mas isso já esta sendo construído, agora é se mostrar sem ter ansiedade e medo de se expor e vamos conseguir, ou estamos conseguindo isso, Anibal Pacha, confie na gente .
Muito cuidado com o curupira, pois ele vive lá pras bandas de Santo Antonio e logo, logo ele estará por aqui e nós já entramos na mata.
Merda para todos!


CLECIANO CARDOSO

20 de fevereiro de 2009 AD

sábado, 28 de fevereiro de 2009


''Por quê vocês precisam sofrer para aprender? Parecem mulher de malandro.''

Assim Andrew me questionou enquanto voltávamos pra casa depois de uma noite de ensaio.É interessante perceber que por mais que nunca tenha participado de uma experimentação artística ou até mesmo da montagem de um espetáculo, Andrew não se abstém diante deste assunto que lhe é tão novo.Não foi necessário ele ler Stanislavski, Grotowski ou qualquer outro grande teórico do teatro mundial para ter uma percepção do que que significa teatralidade. Pelo contrário, Andrew é aquela pessoa que fica sentada ali, bem ali na cadeira diante do palco, esperando por um apresentação que lhe leve para longe de sua realidade.É um espectador,observador, um aprendiz como ele mesmo gosta de dizer..Uma aprendiz sem teoria e principalmente sem vícios, pronto para experimentar e ser lapidado.Não há um único caminho, um só pensamento que seja maior do que o poder da imaginação que nos é tão próprio.

Para terminar mais uma frase de Andrew ... ''Para obedecer precisa-se de técnica, mas para criar precisa-se unicamente de liberdade.''


Respeitosamente

MARY FERREIRA

27 de Fevereiro de 2009 AD

(MANHÃ DE SEXTA)

IMAGENS, CRENÇAS E CERTEZAS


(ao som de Deusa da Ilusão, de Lulu Santos)

Tudo o que eu vejo tem a sua parecença,
mas o que isso parece, parece a mim
porque talvez a sua verdade seja outra
e cabe a mim descobri-la e compreendê-la
como algo que não compete a mim.
Ou eu posso criar uma minha-realidade
e usá-la, pílula dourada, máscara de carnaval
avesso ao outro e sua fala
certo apenas da minha vaidade,
da forma que eu creio, desviro, resvalo, rumino e exijo que outro a engula.
Outro que jamais verá o que eu vejo
mas que pode me ajudar a ver o que
eu ainda não posso-quis ver.

Se para tanto eu tiver olhos.

Se para isso eu desejar.

Se para quanto eu for.

HUDSON ANDRADE
26 de fevereiro de 2009 AD
11h24

TIC TAC



“Passa tempo tic tac
Tic tac passa hora
Chega logo tic tac
Tic tac vai-se embora...”
E o tempo corre, voa...
Já estamos quase completando um mês de trabalho e parece que só agora ele está começando... o frio na barriga começa, a ânsia nos invade, os ânimos começam a se alterar.
A preocupação agora é saber se vai dar tempo. Mas não lutemos contra ele; temos que correr no mesmo pique, não podemos parar.
O tempo é sábio e ele brinca feito um peralta: estica, corre, encurta, quase pára...
E ele passa, nos ensina, nos cansa, nos envelhece.
Espero que durante estes dias ele não tenha pressa. Já tenho a sensação que as horas estão se transformando em minutos. Está tudo muito prazeroso e temos muito trabalho pela frente.
Tempo, tempo...

LAÍLA CARDOSO
25 de fevereiro de 2009 AD

Já andei três dias e três noites pelo mato sem parar...
Essa foi à experiência que tive quando tinha uns 20 anos na ilha das onças quando estive lá para apresentar um espetáculo de acrobacia e é essa experiência que gostaria de ter com essa montagem do uirapuru, sensação de estar perdido na mata, mas agora com parceiros e bagagens diferentes, bagagens de bolsa, mala, de palco e o mais importante bagagem de alma.
É com esta alma cheia, curiosa e tecnicamente trabalhada que vamos adentrar nesse universo paralelo, nessa mata cheia de surpresas, de mãos dadas e olhos bem abertos para não perder absolutamente nada nem aquelas duas passagens do possível curupira que Neto me mostrou no celular lá de Santo Antonio do Tauá.
Agora vamos a segunda parte do meu plano, quer dizer do meu escrito.
O Uirapuru de Hudson Andrade.
Dar vida a um boneco é sempre muito trabalhoso e difícil, mas depois que se pega o jeito é prazeroso demais.
Ver aquele material inanimado ganhando gestos, andando, falando, rindo, ganhando anima e virando um material animado é super gratificante.
O processo do Aníbal é diferente dos que já participei. Construir tudo no nosso corpo e depois transpor essas descobertas para o boneco e vê-lo ganhar vida precisa de escuta, respeito, disciplina, objetividade e estar disponível e quando se consegue tudo isso realmente o boneco parece ter vida própria e chega a ser gente, gente mesmo! Dessas que tem nome, sobrenome, idade, sexo, família e até uma vida antes daquela que o autor escreveu no texto, com presente, passado e ate futuro.
Eita que esse bichinho é pai d’egua.

CLECIANO CARDOSO

18 de fevereiro de 2009 AD

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

DE VOLTA PARA O FUTURO


Tendo se passado 5 dias desde o nosso último encontro me pego constatando que há informação demais de um único dia e que minha memória não é/está assim tão boa.
Mas eu estava em outro clima, não o do carnaval, mas por ele. O encontro do Movimento Espírita do Pará recebeu mais de 1000 jovens de mais de 20 municípios e até mesmo de fora do Estado. Quatro dias muito bons em que até rolou teatro, mas em outro enfoque, ou melhor, com outro objetivo. Aliás, uma pequena vitória: o tema do próximo ano será Espiritismo e Arte. Pode ser tudo o que nós (artistas espíritas) queremos para desmistificar um monte de idiotices sobre o que é a Arte quando relacionada à religião, como se o próprio teatro não tivesse começado com os ritos aos deuses egípcios e outros até mais antigos. Mas o caminho é longo e os obstáculos e desconfianças arraigados, mas tenho certeza que Jesus há de iluminar essas mentes. Com alguma ajuda de José de Anchieta. Mas isso não é assunto para cá.
Com O Uirapuru tomando forma cada vez mais definida, percebemos um estilo que à primeira vista parece meio anárquico do Aníbal que não é uma criação coletiva, mas que bebe de todas as fontes e usa as referências e as idéias que vão surgindo. Até mesmo os meus dedoches de mafagafos e mafagafinhos. Em algum momento isso tudo vai ser triado, enxuto e utilizado de forma que acrescente à encenação. É bom isso de poder dividir e eu acredito nesses processos em que o ator oferece a matéria-prima que vai construir tudo. E é engraçado perceber que o Aníbal é mais ansioso que o Adriano. Não demora pra ele levantar e dizer o que ele quer, enquanto o Barroso deixa a gente no escuro por tempo demais. Eu não gosto nem do 8 nem do 80. Fico com Sidartha Galtama e opto pelo Caminho do Meio e que Maya não me cegue com a certeza do sucesso. (Não, isso não tem influência de Caminho das Índias e eu acho a escrita da Glória Peres um saco!!!).
De tanto que se falou acho que esse aspecto do processo criativo é o que mais se destaca. Os exercícios para uso de bonecos vão se somando, ou tornando-se mais avançados e é evidente a precisão maior ou menor de uns e de outros, tanto quando é inegável que todos estão progredindo e que esses resultados serão utilizados em trabalhos futuros. Claro!!!
Agora é garantir espaço para o segundo mês de ensaios quando precisaremos de um local que nos permita guardar equipamentos. Roça, moleque! Roça!

Beijos de retorno.
HUDSON ANDRADE
25 de fevereiro de 2009 AD

10h57

CURUPIRA, NORATO E MANDUCA


O CURUPIRA

Ser fantástico que, habita as florestas e é o protetor das plantas e dos animais. suas pegadas enganam os caçadores e seringueiros, que se perdem nas florestas. O curupira também faz as pessoas se perderam imitando gritos humanos. Para não serem incomodados, os seringueiros e caçadores, adaptando um costume indígena, fazem oferendas de pinga e fumo. O Curupira e uma espécie de gênio da floresta. Parece-se com um menino de cabelos vermelhos, mas tem o corpo peludo, dentes verdes e os seus pés são virados: o calcanhar para frente e os dedos para trás. Algumas lendas descrevem que o curupira é um menino que tem cabelos vermelhos em outras ele é careca e que tem o corpo peludo, dentes verdes e os seus pés são virados para trás. É ele quem cuida dos animais da floresta. Dizem que esses ruídos misteriosos que vêm da mata são causados por ele. Tolera os caçadores que caçam para comer, mas não tem pena dos caçadores maldosos, principalmente dos que matam filhotes. Quando vê um caçador que mata por prazer, judia tanto dele, mas tanto, que o coitado, se não morre, fica louco para sempre. Para proteger os animais, ele usa mil artimanhas, procurando iludir o caçador: gritos, assobios, gemidos. O caçador pensa que é um animal ou uma ave e vai atrás do Curupira. Quando percebe, está perdido na floresta. Ao se aproximar uma tempestade, o Curupira corre toda a floresta e vai batendo nos troncos das árvores com um casco de jabuti ou com os pés. Assim, ele vê se elas estão fortes para agüentar a ventania. Se perceber que alguma árvore poderá ser derrubada pelo vento, ele avisa a bicharada para não chegar perto dela.
Entre os mitos indígenas, o Curupira é incontestavelmente o mais antigo, companheiro inseparável das crenças populares, de onde se admite a possibilidade de ser verdadeiramente indígena, senão antes legado pela população primitiva que habitou o Brasil no período pré-colombiano e que descendia dos invasores asiáticos. Curupira, de “curu”, abreviação de “curumim” e “pora”, corpo ou corpo de menino. É a “Mãe do Mato”, o tutor da floresta, que se torna benéfico ou maléfico aos freqüentadores desta.
O Curupira, ora é imperioso e brutal, ora é delicado e compassivo, ora não admite desrespeito ou desobediência, ora se deixa iludir como uma criança. Segundo uma crença generalizada, é o responsável pelos estrondos da floresta. Assim, quando no meio da mata se ouve um estrondo, que não seja uma trovoada, pode estar certo que o Curupira anda por ali…
O curupira é visto como santo ou divindade que faz com que o ser humano (índio ou homem branco) tire da floresta somente o necessário para sobrevivência.
Nesse texto em que estamos fortalecendo, o curupira faz um acordo com a caninana para fazer manduca rodar o dia inteiro pela mata em troca de um saco de fumo.

COBRA NORATO


No paraná do Cachoeiri, entre o Amazonas e o Trombetas, nasceram Honorato e sua irmã Maria, Maria Caninana. A mãe cabocla Zelina sentiu-se grávida quando se banhava no rio Claro.(engravidada pela boiúna) Os filhos eram gêmeos mas obrigada pelo pajé ,acabou por atirá-los no rio e se transformaram em duas serpentes escuras. A tapuia ( mãe) batizou-os com os nomes cristãos de Honorato e Maria. E sacudiu-os nas águas do Paraná porque não podiam viver em terra. O povo chamava-os: Cobra Norato e Maria Caninana.
Cobra Norato era forte e bom. Nunca fez mal a ninguém. Vez por outra vinha visitar a tapuia velha, no tejupar do Cachoeiri. Nadava para a margem esperando a noite. Quando apareciam as estrelas e a aracuã deixava de cantar, Honorato saía d’água, arrastando o corpo enorme pela areia que rangia. Vinha coleando, subindo, até a barranca. Sacudia-se todo, brilhando as escamas na luz das estrelas. E deixava o couro monstruoso da cobra, erguendo-se um rapaz bonito todo de branco. Ia cear e dormir no tejupar materno. O corpo da cobra ficava estirado junto do Paraná. Pela madrugada, antes do último cantar do galo, Honorato descia a barranca, metia-se dentro da cobra que estava imóvel. Sacudia-se. E a cobra, viva e feia, remergulhava nas águas do Paraná. Volta a ser a Cobra Norato. Salvou muita gente de morrer afogada. Direitou montarias e venceu peixes grandes e ferozes. Por causa dele a piraíba do rio Trombetas abandonou a região, depois de uma luta de três dias e três noites.
Maria Caninana era violenta e má. Alagava as embarcações, matava os náufragos, atacava os mariscadores que pescavam, feria os peixes pequenos. Nunca procurou a velha tapuia que morava no tejupar do Cachoeiri. No porto da Cidade de Óbidos, no Pará, vive uma serpente encantadora, dormindo, escondida na terra, com a cabeça debaixo do altar da Senhora Sant’Ana, na igreja que é da mãe de Nossa Senhora. A cauda está no fundo do rio. Se a serpente acordar, a Igreja cairá. Maria Caninana mordeu a serpente para ver a Igreja cair. A serpente não acordou, mas se mexeu. A terra rachou, desde o mercado até a Matriz de Óbidos. Cobra Norato matou Maria Caninana porque ela era violenta e má. Uma vez por ano Cobra Norato convidava um amigo para desencantá-lo. Amigo ou amiga. Podia ir na beira do Paraná, encontrar a cobra dormindo como morta, boca aberta, dentes finos, riscando de prata o escuro da noite: sacudir na boca aberta três pingos de leite de mulher e dar uma cutilada com ferro virgem na cabeça da cobra, estirada no areião. Cobra fecharia a boca e a ferida daria três gotas de sangue. Honorato ficava só homem, para o resto da vida. O corpo da cobra seria queimado. Não fazia mal. Bastava que alguém tivesse coragem. Muita gente, com pena de Honorato, foi, com aço virgem e fresquinho leite de mulher, ver a cobra dormindo no barranco. Era tão grande e tão feia que, dormindo como morta, assombrava. A velha tapuia do Cachoeiri, ela mesma, foi e teve medo. Cobra Norato continuou nadando e assobiando nas águas grandes, do Amazonas ao Trombetas, indo e vindo, como um desesperado sem remissão. Num putirão famoso, Cobra Norato nadou pelo rio Tocantins, subindo para Cametá. Deixou o corpo na beira do rio e foi dançar, beber e conversar. Fez amizade com um soldado e pediu que o desencantasse. O soldado foi, com o vidrinho de leite e um machado que não cortara pau, aço virgem. Viu a cobra estirada, dormindo como morta. Boca aberta. Sacudiu três pingos de leite entre os dentes. Desceu o machado, com vontade, no cocuruto da cabeça. O sangue marejou. A cobra sacudiu-se e parou. Honorato deu um suspiro de descanso. Veio ajudar a queimar a cobra onde viveram tantos anos juntos. Honorato ficou homem. E morreu não se sabe porque, anos e anos depois, na Cidade do Cametá, no Pará. Não há nesse rio e terras do Pará quem ignore a vida da Cobra Norato.
Na cena em que a batizamos de confronto, Norato esta com uma aparência de homem ,quando impede a caninana de quebrar os ossos de manduca ,se transforma em cobra quando é enfrentado pela irmã e depois quando cuida de manduca volta a ser homem novamente.

MANDUCA


É um caboclo pávulo. Tem como amigo o uirapuru que é um pássaro encantado, só manduca consegue entender a fala desse bichinho que na verdade só canta, mas como são muito amigo manduca passa a ouvir sua voz.manduca é agraciado pelo canto do uirapuru todas as manhãs em sua janela.
No prólogo os dois entram num acordo, o pássaro para agradar manduca e manduca para conquistar sua cunhatã.
O caboclo acredita nos deuses, tanto que na primeira cena ele demonstra sua crendice evocando o deus do amor. nesta cena ele tenta convencer Jacira de que falou com o uirapuru eo pássaro pediu para ser solto.
Manduca não maltrata os seres da floresta, adora contar vantagem e ganhar algum troco quando encontra com turistas.
Na ultima cena em que denominamos de realidade é o momento em que manduca se reencontra com sua morena, ele está feliz por ver sua amada tenta de um tudo para convencer Jacira do porque não conseguiu chegar a tempo no porto.

CLECIANO CARDOSO

PINTE A CERCA, ESFREGUE O CHÃO!


Égua, mano. Teatro é teatro. Foda-se!, diria meu amigo Ajax.
Começamos a montar coisas do Uirapuru. Já não é mais a mesa, a leitura, a intenção, a viagem cerebral e doidivanas.é isso que já foi feito mais o corpo que agora entra de vez na jogada. Antes, mais exercícios: as bolas, varas e balões assumem o posto que será em algum momento do boneco e vão nos preparando para a cena. A base,o braço em “L”, o foco, o deslocamento. É o corpo que vai, o pé girando no chão, sem se mover do eixo. É a precisão de lançar algo sem ver a direção para a qual se lança o objeto; exercícios que são repetidos com o braço à altura do ombro, ou no alto, para garantir o tônus necessário para suportar o tempo total do espetáculo e o peso do boneco.
Então eu, Mary, Cleciano e Lucas, de frente para os outros, lemos o que o Aníbal nos pediu para escrever: como eu vou construir cada um dos nossos personagens: seu corpo, como ele anda, gesticula, fala, o timbre dessa voz, sua roupa, o que ele gosta e o que ele não gosta. Elementos práticos. Dessa matéria criamos uma MATRIZ CORPORAL para cada personagem. Primeiro a base, sem mover o tronco, ou braços. E andar na sala dizendo que personagem é para, segundo o Aníbal, fixar aquele movimento associado ao personagem. Depois colocamos um gesto para a parte de cima. Uma matriz só. Na explicação do diretor, a porção inferior do corpo corresponde ao personagem e varia pouco, e a superior é da dramaturgia e mãos e expressões correspondem às intenções do texto. Estabelecida essa matriz, nós a decupamos em 5 sub-movimentos e os repetimos para fixação. Daí juntamos tudo isso a um trecho da peça e atravessávamos a sala numa diagonal. Na seqüência juntaram-se a nós o Coro: Laíla e Nhofy, e propusemos algumas cenas. Rabiscos, onde a tal matiz precisava ser exercitada e aprimorada, para no final termos a anima do boneco, que não é do próprio nem do manipulador, mas do público e múltiplo como ele.
Aí entra a grande questão e o grande barato. Até então vínhamos trabalhando com o Adriano uma neutralidade corporal que só era quebrada quando o texto interiorizado, apropriado, exigia um gesto. Essa economia de movimentos foi levada à exaustão no Homem do Princípio ao Fim e na Comédia dos Erros. Houve mesmo um momento na preparação daquele espetáculo em que eu fiquei preso a uma cadeira para garantir apenas a força do texto. Agora é exatamente o inverso. O corpo precisa registrar essa matriz, fisicalizá-lo, para então, em cena, diluí-lo, incorporando-o ao movimento do boneco que tem começo, meio e fim.
São dois trabalhos completamente diferentes e não há parâmetros entre eles, exceto a excelência do resultado. São dois caminhos para duas atividades bem definidas: o trabalho do ATOR com o Adriano e o do ATOR-MANIPULADOR com o Aníbal. Dois arquivos que eu preciso criar, não contaminar um com o outro e dispor de ambos.
Cara, que muito louco! Depois de dois anos com o Barroso eu dava tilt ao executar os comandos do Pacha. Uma descoordenação motora que só aumentava com a ansiedade velha de guerra de nem esperar o toque do Aníbal para realizar a tarefa.
Um grande borrão. Riscos pra todo lado. A dita carpintaria teatral.
Muito dez! muito 10!
Foda-se! E o meu bom amigo Ajax bate palmas de cócoras no chão.

Beijos entusiasmados.
HUDSON ANDRADE
19 de fevereiro de 2009 AD

15h45

SENTIR-SE


Venho – a algumas dias – acompanhando o crescimento/desenvolvimento de uma montagem cênico-teatral intitulada “O Uirapuru”; na qual figuro como diretor de palco para o grupo que está montando o espetáculo: a Companhia Teatral Nós Outros.

Bem, feita minha identificação e a contextualização de minha presença, vamos ao evento que me fez escrever isto; com um pequeno prólogo introdutório:

Aníbal Pacha, diretor do espetáculo, pede a todos os participantes do processo – que quiserem – que escrevam sobre suas impressões e expectativas sobre o desenrolar da montagem.
Este é meu primeiro – e muito possivelmente o único – escrito que farei em esta função.
O motriz foi uma pergunta que Aníbal fez: “Como você está se sentindo dentro do processo?”
A resposta dada no momento precisa ser justificada e esclarecida; não que os presentes não me tenham entendido, mas por uma necessidade minha de ser explícito (e terei que fazer um anexo a esta folha) em minhas proposições.

Eu disse que foi uma boa pergunta, porque eu nunca havia parado pra pensar sobre isto. Eu apenas acompanho o processo, sigo como uma espécie de ‘passageiro’. É o meu senso de transitoriedade.
Como disse no momento em que respondi; sei que o parágrafo acima – minha resposta – soa muito mal, então preciso (ao menos tentar) esclarecer as coisas.
Nunca parei pra pensar em como me sinto dentro do processo simplesmente porque NÃO me importo com o que sinto.
Estou dentro do processo, sou parte dele, e a consciência deste fato é TUDO que preciso.
Mesmo minha função – diretor de palco – é uma função mecanicista, então não vejo necessidade de desenvolver uma perspectiva emocional sobre o espetáculo.
Minha condição de passageiro do processo é clara: fui convidado por Hudson (pelo que sou grato) para integrar a equipe de trabalho da montagem; não sou parte da Companhia e isto me faculta um distanciamento do andamento do crescimento e desenvolvimento da encenação; enquanto eu tento pressupor o desenrolar técnico do mesmo (luz, som, cenário e afins); pois é com isto que irei lidar e lidarei enquanto for convidado a fazer isto.

Por conta da ótica por mim utilizada para interagir com as outras coisas e elementos deste (e de todos) os processos é que me auto-classifico como GENÉRICO.

Mas caso queiram saber como me sinto em relação ao processo: digo que sinto-me muito bem, obrigado! Não tenho que me queixar – a não ser, talvez, o Lucas... (ANEXO)
Não sou interessado em sentir-me, apenas em conscientizar-me das facetas do processo – de todos os processos dos quais sou convidado a tomar parte. E, justamente por ser convidado, sei que minha participação é transitória. E a consciência de minha transitoriedade; de meu constante “Memento Mori”, é o que impede-me de desenvolver uma abordagem sentimental e/ou emocional dos processos.

Estas mesmas conscientizações são que me embargam... Por isto este é o meu primeiro – e único – escrito sobre “sentir-me” e o processo.
Não que não nutre expectativas, ou tenha anseios em relação ao “O Uirapuru”. Possuo as mesmas que todos os outros participantes: “Que voe, mesmo com escamas”; “Que nos encante”. E outros que não lembro; frases que são metáforas para o desejo concreto de que o espetáculo seja e tenha um sucesso retumbante, reverberante; ecoando pelos quatro ventos.
E, embora eu nutra as mesmas expectativas e anseios, os guardo comigo; principalmente por não sentir necessidade de externá-los. Afinal minha função não tem/possui abertura para tal abordagem.

Pergunta: “Copo meio cheio, ou copo meio vazio?”
Minha Resposta: “Metade é sempre metade.

FRANK COSTA

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

RESPOSTAS


Entramos numa nova etapa da montagem. Etapa difícil? Sim. Ainda mais para os atores. Dar vida e forma a um personagem não é nada fácil!
E eu! Que pensei que só iria receber ordens do Cabrali e tocar...
Estava eu lá, junto aos atores, tentando decifrar as ordens do Aníbal Pacha. Eu!
Bom, a experiência está sendo boa, estou me divertindo muitíssimo e confesso que já estou envolvida por esse novo mundo (pelo menos para mim).
Aqueles vários pontos de interrogação que estão em minha cabeça aos poucos vão sumindo, vou percebendo que tudo que aqui fazemos tem fundamento, nada é em vão... e as perguntas nunca respondidas pelo Aníbal, aos poucos vão se esclarecendo.
Mas acredito que ainda restarão várias interrogações, ainda mais sendo o Aníbal o diretor! Sabe, eu gosto desse método. Estimula a mente!
Vou tentar deixar a ansiedade de lado e curtir cada passo dado, guardando comigo a experiência que tenho certeza irá servir para a minha vida.

LAÍLA CARDOSO
18 de fevereiro de 2009 AD

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009





(Ao som de Cartola, O mundo é um moinho).
Certo, por onde começar, posso dizer que estou confuso e sei que tal afirmação partindo de mim é uma redundância, mas enfim, “aceita garoto”. “(...) como se eu tivesse perdido uma terceira perna que até então me impossibilitava de andar, mas que fazia de mim um tripé estável”, ou seja, Clarice disse tudo. Tenho a plena sensação de que não estamos falando o mesmo idioma, Aníbal. Você grego e eu falo em Latim, mas quando começo a tentar usar expressões gregas, tu passas a falar italiano, e depois francês, e depois hindi e por aí vai (agora está tocando “Girl, you’ll be a woman soon”). Ademais, entendo quando tu não me deixas pirar de uma cena para outra. Mas aviso logo que não concordo com uma linearidade retilínea para o Manduca (anexo I), porém confio na condução do Aníbal. E prova de que não digo isto da boca pra fora, é que em outros processos declarei para a própria direção que não me sentia seguro com ela. Sei do desafio que me foi colocado e estou trabalhando para tentar vencê-lo à altura, não vencer por vencer, mas vencê-lo à altura (quem me dera, ao menos uma vez... agora está no fim “Índios” e vai começar “Que belo estranho dia pra se ter alegria”, eu e Roberta Sá que digamos). Por fim, sobre o processo o que tenho a dizer já foi dito, por isso aqui o repito “que não seja eterno, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure” (MORAES, Vinícius).

AS COBRAS DOS LABIRINTOS VOAM


Pensa que não?! Então te mete. Ou melhor, mete um desses ofídios num labirinto qualquer e não precisa esperar muito para que o bicho suma. Não, ele não se enfiou num buraco nem saiu do outro lado. Sumiu mesmo e como os processos de fissão nuclear não funcionam muito bem com seres orgânicos, é que elas voaram mesmo.
Cobras são algo claustrofóbicas e por isso não suportam muito tempo em locais de pouca mobilidade e é só reparar nessas que saem de cestos e covas como estão estressadas e prontas a morder até o calcanhar de Aquiles.
E não tem porque duvidar. Se até as vacas do Quintana voam, por que as cobras não podem fazer o mesmo? Existe nelas um desejo de liberdade e seus corpos cilíndricos são aerodinamicamente perfeitos para cruzaras ares como setas escamadas e multicores. Suas asas... – Sim, asas! E com penas e tudo. Duvidando de novo? E Quetzalcoalt, deus da criação, do aprendizado e dos ventos, adorado pelos Maias e Astecas, que é uma serpente emplumada? Te sai dessa!!
As cobras voam dos labirintos. Aceita, garoto!!!
Da especulação passamos à explicação. Nada místico: cobras e uirapurus são mensageiros de Rudá, deus tupi do amor. O uirapuru traz os sentimentos que Rudá manda dos céus aos enamorados e cabe às cobras injetá-los nos humanos, mordiscando o seio das mulheres e a nuca dos homens. E tinha que ser assim, né? Afinal, todo amor tem alguma coisa de venenoso. Mas voltando. Quando alguma cobra é presa num labirinto, o uirapuru vem pelo alto e a carrega dali. Às vezes ele perde algumas penas no resgate. Daí a crença popular de que as cobras criam asas e voam dos labirintos. Nada demais. Puro corporativismo!
Incosteste apenas o fato de que cobras e uirapurus estão reunidos, ao menos neste espetáculo, onde cabe a mim dar vida ao Uirapuru e à Caninana na sua fase cobra. A fase turista fica a cargo da Mary Ferreira.
E assim, definidos os personagens, é aprofundar e lhes dar anima, o que neste início de semana ficou séria e negligentemente prejudicado por trabalho, chuva, reuniões, podólogos, conserto de bicicleta e risoto de alho-poró com bolo molhadinho de doce de leite com canela.
Acho que o dia precisa ter mais do que 24 horas e eu, mais vergonha na cara e organização.

Beijos ruborizados.

HUDSON ANDRADE
16 de fevereiro de 2009 AD16h30

CRÁS! BUM! BANG!


Acordei antes do despertador tocar o primeiro sinal e sentei,os pés no tapetinho ao lado da cama. Mas foi só ao levantar que eu senti a fisgada na planta do pé esquerdo. Pronto. Começou! Crás! Bum! Bang! Anos de obesidade deixaram seqüelas nas costas, joelhos e pés e como ainda não tive saco pra voltar pra uma academia, a causa só pode ser uma: a parte prática de uma nova montagem começou. Toda vez que os ensaios começam pra valer é assim: Crás! Bum! Bang! E ontem foram rápidos exercícios para acomodar o corpo às atividades. Nem foi um aquecimento; mas os exercícios exigiam muito da base. Daí a dor. Que o corpo é o instrumento do ator isso todo mundo sabe; que existe um completo desleixo com isso é outra verdade incontestável. O relaxamento vai desde noções básicas de higiene até hábitos ruins como fumar, beber alcoólicos, dormir pouco, alimentação equivocada, isso sem falar nos mafagagos e nos mafagafinhos! Então alongou daqui, pulou de lá: Crás! Bum! Bang! E olha o corpo estirado no chão. A meta corporal dos atores não é a capa da Men´s Health e mais vale um corpo definido do que hipertrofiado. E por definido entenda-se tônus muscular e resistência. Um mínimo de atenção é desejável. Afinal, quem respeita um endocrinologista obeso, ou um cardiologista fumante?!
Dos exercícios iniciais para acomodação oriundos do tai chi chuan passamos aos exercícios específicos para trabalho com bonecos: base, equilíbrio, foco. Andar com precisão pelo espaço e lançar uma pequena bola na mão direita, na esquerda, de um apara outra, cada vez mais alto até descer novamente, com o olhar fixo primeiro na própria bola e depois à frente; atravessar a sala de um lado e de outro de uma corda esticada no chão, com uma vara na frente do rosto, ora caminhando, ora descolando em voltas de 180º, os pés fincados no chão,leves, mas precisos. Crás! Bum! Bang! Joelhos levemente dobrados, nenhuma tensão no braço, ou rosto. Numa cena com bonecos é nele que está o foco,não no corpo do ator-manipulador, que no entanto precisa garantir estabilidade para não deformar as ações do boneco nem desequilibrar-se ou cair quando, por exemplo, outro ator-manipulador passe por ele para entrar em cena.
Será uma hora de exercícios diários para garantir o resultado desejável. Crás! Bum! Bang!
É, parceiros! Ser ator, ou atriz é uma profissão exigente.
E quem for podre que se quebre!!!
Beijos levemente doloridos;

HUDSON ANDRADE
13 de fevereiro de 2009 AD
10h43

P. S.: Hoje vou usar tênis e foda-se a unha encravada!

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009


Belém, 12 de fevereiro de 2009

Minha coluna dói, aiaiai e como dói. Principalmente porque tive que levar o Andrew até em casa de bicicleta. Normalmente é ele quem leva e traz. Agora sei como ele se sente.
Ah! Mas devo admitir que gostei da experiência.
Aproveitei para trabalhar novamente minha respiração que havia deixado um pouco de lado nos últimos dias. Isso é um erro. Pô, já não basta eu estar comendo demais!! Por falar nisso vou diminuir a quantidade de comida.
Algo que considero bastante relevante neste nosso trabalho é a importância e o cuidado que devemos dar ao corpo, mente e voz.
Hoje me surpreendi com os exercícios que fizemos.
Primeiro jogando a bolinha para o alto, tendo a mesma como foco da ação e depois jogá-la de uma mão para a outra. Haja concentração.
E o bastão então? Desse eu gostei!
É muito complicado de explicar a sensação que tenho quando devo fazer tantas coisas ao mesmo tempo.
A idéia de colocar a corda no chão e ter que andar sem pisar nela e ainda por cima, segurando um bastão sem mexer.
Senti-me da mesma maneira quando corto pano para fazer minhas blusas de retalhos. Funciona assim: ali estou eu a cortar o pedaço de tecido com toda a calma, cuidado e concentração para que não saia nada errado. Mas minha cabeça trabalha a todo vapor, rápido, rápido e mais rápido, um turbilhão de pensamentos se cruzam simultaneamente.
O corpo versus a mente.
E mais uma vez percebo o quanto a respiração é muito importante. Com ela consigo dividir as etapas de um exercício, me concentro mais facilmente, fico em uma “liga”. Olha que nem preciso tomar suco de maracujá.

Respeitosamente Mary.

Tarde de quarta (11/02/2009)

Enquanto organizava alguns materiais esta tarde em meu quarto, encontrei um envelope de cor amarela e me lembrei que havia sido presenteada por um amigo dias atrás com uma mensagem. Mensagem esta que trata de uma certa “comunidade emocional”. Diante dela muitas coisas me remeteram à montagem de “O uirapuru”, porque trata das mesmas questões que estamos passando:


Sentimento
Criatividade
Aprendizagem
Emoções
Companheirismo
Um com o outro
Coexistindo

Anexado à mensagem veio um artigo de Ítala Nandi intitulado “Quem somos nós?” e acho interessante reproduzi-lo aqui. Afinal, QUEM SOMOS NÓS?

“A alma deseja habitar no corpo porque, sem os membros do corpo, ela não pode agir sem sentir”
- Leonardo da Vinci

Se para nos situarmos nas circunstâncias dos personagens temos de perguntar sempre: Onde? Por quê? Quando? O que quer? – precisamos também descobrir: Quem somos nós? De onde viemos? Para onde vamos?
O ator pode saber todas as técnicas, conhecer todas as teorias e histórias das artes humanas, pode estar muito preparado fisicamente, vocalmente, intelectualmente, mas nada disso valerá de nada se o ator não entregar a sua alma, a sua energia, para que a personagem adquira vida.
Como em todos os jogos há regras, no jogo do teatro se pede que o ator tenha ardor mas que não perca a razão. A razão precisa estar presente, é ela que vai investigar sobre o personagem e vai permitir uma interpretação ardorosa e ao mesmo tempo consciente.
Diz um pensamento Tao: “Para nos tornarmos diferentes do que somos devemos ter alguma consciência do que somos!”
Conhecer-se a si mesmo é válido para todos mas, principalmente, para o ator, porque sem se conhecer o ator terá fôlego curto, mas se ele desejar ser um intérprete de verdade, com raízes mais profundas, consciente da força social dessa importante profissão, sagrada profissão, responsável, libertária e liberadora, ele estará liberto para reger sua vida por meio do conhecimento, estudo que terá de durar toda sua vida. A profissão de ator pode ser comparada a um sacerdócio dedicado ao jogo lúdico, ao prazer e à paixão. Por isso mesmo ele deve ser muito bem remunerado por exercer profissão tão complexa.
Existem alunos que não querem se abrir, que é difícil para ele criar, porque se sentem violentado se mostrar sua emoção. Dizem assim: “Professora, ainda não estou preparado, na próxima aula eu faço”. Ou eles são preguiçosos e não trabalham sozinhos, ou têm medo de violentar suas emoções, de expressar mais do que a ocasião ou a circunstância pedem. Têm medo do que pensam deles, e não se expõem, isso é bem comum entre iniciantes. Para ser ator você não pode dar ouvidos ao que dizem de você.
Se você abafar seus sentimentos por muito tempo, acabará por perdê-los. E é preciso saber de uma vez por todas que atuar dói, mesmo atuando na comédia – dói e não há como evitar essa dor, mas é uma dor diferente, ela é prazerosa, orgástica.
Ao final de um bom espetáculo nos sentimos como se estivéssemos passado por uma orgia, um bacanal coletivo.

Respeitosamente, Mary Ferreira.

P.S.: Amanhã teremos exercício com corda balão e bola. Sabe Deus o que vai acontecer.

P.S. do P.S.: Talvez a gente “brinque” hehehe! de taco, pira-bola?! Hehehe!

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

COMO ESTÁ A REBIMBOCA DA PARAFUSETA?












“O presente é tão grande, não nos afastemos.Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.”
(Carlos Drummond de Andrade)

Processo iniciado, atores em seus postos, músicos em suas posições, iluminadora à bordo, técnicos no convés, o diretor já está no leme e lá vamos nós outr(os)a vez. Só falta checar a rebimboca da parafuseta[1]. É isso mesmo, hoje estavamos procurando palavras chaves para dar o tom das cenas e adjacências, e não pude deixar de perceber a discreta fumaça que saia de nossas cabeças. Não, não fumaça de cuca fundida, ou pelo menos ainda não. Era apenas a chaminé da embarcação sinalizando que está a todo vapor. É notável entre os integrantes deste processo aquilo que alguns chamam de química, interação, molho especial... enfim, a rebimboca da parafuseta. Aquele elemento que não líquido e muito menos certo, mas quando se faz presente, Tupã seja louvado, nos poupa certas dores de cabeça (mas não desanimem que existem outras).
Já visualizo que personagens me interessam e minha cabeça faz um ruido ensurdecedor (glen glen glen glen glen), são os meus parafusos soltos em polvorosa. Ouvi um ruído semelhante vindo das cabeças de meus companheiros, não precisam disfarçar, entendo perfeitamente sobre parafusos soltos, eles são do bem. Agora, muita hora nessa calma, que ainda falta suarmos muito para levantar o Uirapuru, não nos precipitemos, relaxa e goza. Apesar dos hábitos alimentares do Haníbal Pacha ele está nos conduzindo de forma segura. No mais posso dizer que “Nossa bagagem já está a bordo, e eu já comprei o óleo, o bálsamo, e um pouquinho de aquavita. O barco é bom, muito bom, e o vento está soprando da terra para o mar”
[2]. Ah, e a rebimboca da parafuseta, eu mesmo chequei, está tudo em ordem.



JOÃO LUCAS
08 de fevereiro de 2009 AD


[1] Rebimboca da parafuseta é uma expressão corrente em certas regiões do Brasil para designar uma peça qualquer, cujo nome ou função não são conhecidos, do motor de um automóvel ou de qualquer outra máquina. Além do desconhecimento técnico de quem a profere, a expressão geralmente também denota desdém pela complexidade do equipamento no qual a peça está inserida. Um certo desinteresse em descobrir sua real função ou seu nome correto (fonte: wikipédia).
[2] SHAKESPEARE, William; A comédia dos erros; idiossincrasia nósoutrense.


Novo processo, novas expectativas, novos medos e possíveis realizações.
É muito gostoso redescobrir novas lendas e escutar histórias pessoais de quem tem ouvido uma nova lenda, ou até mesmo de quem já se deparou com um personagem desses.
Trabalho em grupo é sempre muito bom e trabalhar com professores é ainda melhor!
Esse processo com o Aníbal vai ampliar ainda mais minha visão de pessoa de teatro, vai me conduzir por lugares até então desconhecidos e vai me colocar frente-a-frente com a Matinta, com o Curupira e com o encantado Uirapuru.
Vamos entrar juntos nessa floresta de encantados, depararmo-nos com a beleza da vitória-régia, confrontarmo-nos com a Caninana e voar como Uirapuru.

Nessas horas que eu me orgulho de ser paraense da gema. Como é pai d´egua ser caboclo!

CLECIANO CARDOSO


06 de fevereiro de 2009 AD

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009



Todo e qualquer dia, momento, HORA, segundo e instante é importante. Ainda mais quando se trata de teatro.
Dois dias perdidos de ensaio foram mais que suficientes para me sentir longe da análise do texto. Até porque muito do que havíamos conversado desde o começo do trabalho de MESA até a última quarta-feira, praticamente sofreu algum tipo de alteração.
Até a possibilidade de um superhiperultramegabigpower BACANAL ERÓTICO entre os personagens agora é cogitado. Rárárá.
E o uirapuru VOA!!!
Assim espero ......... que voe bem alto, para além de nossa imaginação e descubra lugares cada vez mais POSSÍVEIS ou IMPOSSÍVEIS. Quem sabe???
Acredito no teatro como forma de pesquisa.
E é no trabalho de mesa que tudo começa, onde descobrimos dentre inúmeras idéias a palavra-chave para cada momento, a ação, maneiras de falar o texto, o colorido, o tom, as brincadeiras, o jogo, o PASSE DA BOLA... na TRAVE, a bola fora, até conseguirmos o GOOOLLL!!!
Mas um momento é novo: a presença do autor dentro da construção deste espetáculo. Não que eu tenha esquecido da Glorioso Auto do Nascimento do Cristo-Rei (UFA!),que assim como O Uirapuru também foi escrito pelo Hudson.
Nesta montagem o Hud não está como diretor-ator, mas sim como autor-ator.
Parece que o Hud está mais à vontade. Está mais disposto às mudanças, as novas maneiras de “viajar” (que são M – U – I – T – A – S) no texto.
É impressionante perceber que enquanto nos descabelamos e viajamos na maionese azeda, o Andrade fica lá calado (mesmo contra sua vontade) observando, mas não menos presente, que fique bem claro!!!
Então olho pra ele e é como se quisesse dizer “Porra, não é bem isso”, ou “Isso. É quase isso”, ou melhor, “E não é que pode ser assim?”
Ah! Mas não podemos perder o foco de nosso trabalho. Por mais divertido que seja estar ao lado de tanta gente boa, às vezes nos desconcentramos. A risada é bem-vinda, mas a seriedade tem que se fazer presente, para não nos perdermos.
Ah! Mas convenhamos que ver o Frank se esborrachar no chão para evitar a queda de uma Coca-cola é um grande motivo para soltar uma gargalhada!!!

Respeitosamente,

MARY FERREIRA
10 de fevereiro de 2009 AD

O ATOR NÃO É SÓ CENA


Hoje foi um dia muito importante na minha jornada de aprendizagem teatral. Desde o início sempre priorizei a obtenção de técnicas que otimizem o treinamento do ator em cena, pois julgava que isso era parte fundamental do trabalho,já que a cena é vista como o objetivo final.
Mas neste dia 09/02/2009 vi que o trabalho do ator vai muito além do palco. Essa dinâmica de criação (trabalho de mesa) nos permite viajar na idéia do texto transformando-o e adequando-o às necessidades cênicas, dando ao ator uma grande oportunidade de aguçar sua capacidade e expressão.
E viva o refrigerante alucinógeno.
Vejo que assim, além de representar o ator também deve opinar, analisar, ver, julgar e sentir o tempo todo.
Sei que essa característica varia de direção para direção, mas no meu ver (ainda leigo) percebo que esta é uma das melhores formas de construção de uma tarefa, pois revela a importância de um trabalho em grupo, diferente de um trabalho solo, limitado à capacidade de uma só pessoa.
Dessa forma agregamos valores e qualidade de todos do grupo o que aumenta em muito as chances de sucesso, já que é da divergência que se chega à solução.
A participação direta do ator como acontece neste caso também valoriza a profissão, porque assim ele deixa de ser um mero boneco de corda programável ao bel-prazer da direção.
E como disse que sou uma pessoa que acredita muito em motivação, hoje posso afirmar que me sinto muito motivado. Não apenas eu, pois também vejo isso nos olhos de algumas pessoas. Motivação esta que foi instaurada por vários fatores. Só deixo minhas preces aos responsáveis por esses fatores que não “nos” deixem a peteca cair.
E eu como um aprendiz, função que vou acumular pelo resto da minha vida,sinto-me lisonjeado de fazer parte dessa experiência que, sem dúvidas, fará parte dos meus princípios e parâmetros teatrais.

O UIRAPURU VOA.
(MESMO COM ESCAMAS)

ANDREW VILLAS-BOAS

10 de fevereiro de 2009.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

TUA ALMA, TUA PALMA...


Reconhece-se a árvore pelo seu fruto.
Dentro de cada fruto existe uma floresta inteira.
“Get into the groove so you got to prove your love to me.”
A M O R - - - - - - - - - R A M O
onde pousas tu que fugiste da minha gaiola por um buraquinho e eu gostava tanto de ti, bichinho! Hoje falamos tanto de saudade e melancolia e eu fui me reconhecendo e então me questionando porque e depois me preocupando se eu tinha construído uma fábula algo sombria e oferecido isso aos pequenos que quase não sabem nada de tristezas e perdas.
“Cantam uns e choram outros. Triste sina de quem ama.” E o meu eu-Manduca perde o seu amor conseguido por artes de encantaria e que talvez por isso nem seja de fato amor, ou talvez a magia só aconteça porque lá no fundo existe uma semente que só espera o terreno certo pra poder brotar. E cabe a nós tanto o suor da lavoura, quanto o prazer da colheita. O problema é a fome que faz o Manduca trocar o banquete da Jacira pela comidinha da Caninana; que faz a Caninana se consumir em desejos de desforra; nós em abocanhar o texto todo quando o que interessa é uma cena; o Cabrali já visualizar um todo quando só temos um naco. Fome que faz até a gente cair de barriga no chão. E haja macaco!!!

Saudade, pagamento, escolha, tensão, aventura, transformação e de novo escolha. Assim ficaram definidas as palavras da cena 3. A encenação pode escolher levar o texto como quiser. O público pode escolher receber essa história como quiser. O Manduca pode escolher pela esquerda, ou pela direita desse braço de rio e pode escolher ainda nenhum dos dois e voltar e voltando ser diferente do que era quando decidiu ir atrás do Uirapuru Mandingueiro.
E nós escolhemos estar aqui e escolhemos fazer teatro e escolhemos entre pão com queijo e biscoito com banana e ir, ficar, doar-se,negar e isso e aquilo e se fosse simples não seríamos gente e não sendo gente não nos encantaríamos e então não poderíamos ficar pra sempre nesse mundo paralelo que mostra o outro como ele é,ou gostaria de ser, ou odiaria ser.
Mas somos feitos do mesmo estofo que todo mundo, apenas escolhemos nos permitir e produzir frutos conforme a árvore e desses frutos espalhar sementes de uma floresta inteira.

Fitobeijos para todos.
HUDSON ANDRADE
09 de fevereiro de 2009 AD
15h50

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

O QUE SERÁ QUE SERÁ?




O que cantam os poetas mais delirantes? Já disse que me surpreendo ao ver os desdobramentos dO Uirapuru. Tô vendo que o que vai para a cena é um outro, que nem é o 2º, ou o 5º. Será um sei-lá que número de tanto que nós retorcemos as coisas. Adoro! Sério! Agora fica claro pra mim o que é ser dramaturgo. Depois que o texto perdeu seu status de soberano e o próprio ator deixou de ser a razão do teatro enquanto entidade, vemos esse trabalho conjunto onde o que está nas entrelinhas grita mais do que o verniz dessa pílula nem sempre fácil de engolir. Acostumado a cortar as gorduras do texto conforme a encenação exigia com um “Foda-se!” (isso não é uma crítica negativa, Adriano!) agora o olhar do criador está presente e há quase sempre um pedido de licença para liberdades e um “E isso?” no olhar e na voz. Eu, da minha parte, já me propus a reescrever o que for preciso e me coloquei na condição de colaborador consciente das necessidades de se montar um texto que não foi pensado para teatro de formas animadas e que caminha célere para isso. Ouvir a direção que pode substituir falas por música (sem letra, esclareço!) e personagens por luz dá um frio na barriga e um salto no peito. Enquanto a vaidade pede que tudo permaneça intocado, a razão anseia por essa novidade e a deseja como algo que só vai acrescentar nessa experiência.
Luz e música, aliás, definiu-se, são duas ENTIDADES no texto, ou melhor, na encenação. Os músicos que sempre acompanharam a Nós, desta vez Laíla e Nhofy, agora estarão em cena mesmo, dentro, personagens,ou eles próprios entidades entre tantas que o texto propõe.
E há duas SENSAÇÕES para o espetáculo a partir de dois elementos constantes no texto: a floresta que nos dá uma sensação de EXERCÍCIO DE HUMILDADE quando Manduca – o protagonista (e talvez o seu próprio antagonista) – sai da clareira, avança a mata ciliar até o fundo de um mato que se torna cada vez mais desconhecido e, quem sabe, sem volta. Avançar, ou recuar? Enfrentar, ou acomodar-se? E o que esse caminho vai oferecer? O outro elemento é a água, da chuva, do sonho, do rio que nos remete a uma sensação de FINITUDE porque é em situações-limite que as coisas assumem nova dimensão, ou sua real dimensão.
E decupando o texto traduzimos cada cena em palavras e vamos assim orientando direção, atores e técnica para o resultado dessa empreitada. O prólogo então é LIBERDADE (mas a frase que tu destacaste, Aníbal, não é minha pedra de toque neste trecho!). A cena 1 é SUFOCAMENTO. A cena 2, dividida em 2 ficou 2 = EVOCAÇÃO e 2.1 = MUNDIADO. E paramos por aí que já eram 22h30 e não havia mais tempo e ainda sobrava pano pra manga, rosa, boceta, porruda, que quebra pára-brisa de carro. E todo mundo queria ficar nesta sexta e todo mundo achando que segunda ainda iria demorar. Mas deixa que seja assim. Essa expectativa dá uma liga boa e vai chegar todo mundo na reunião seguinte com a maior gana, sobretudo Mary e Andrew que precisaram se ausentar na quinta e na sexta. Agora têm que correr atrás. Fôu-da-se!!! Agora fiquem sem dormir.

Em tempo, os trabalhos acontecem na Casa da Linguagem, de 2ª a 6ª, das 19 às 22h30. A Casa fica na esquina da Nazaré com Assis de Vasconcelos e desde já agradecemos muitíssimo ao Aldo Carvalho. Valeu, mano!

Palavras beijadas.
HUDSON ANDRADE
08 de fevereiro de 2009 AD
11h53

sábado, 7 de fevereiro de 2009

O LABIRINTO


Todo processo é um labirinto: uma entrada, uma só saída. Inúmeras possibilidades. Agora não é diferente. A entrada no dia 02 de fevereiro, a saída o espetáculo pronto. Já houve uma substituição, já houve ausências,o tesão parece que está vindo devagar, seja porque saímos mexidos do Glorioso, seja pela nova experiência ( o Pacha, bonecos, texto novo!). Da primeira experiência / tentativa em 2005se reencontraram eu, Aníbal (agora diretor), Sônia e Cleciano. Novos amigos (Nhofy, Andrew, Gemaque, Laíla, Neto), parceiros de alguma data (Cabrali, Mary, Lucas). E então nos juntamos nesse caldo verde e empreendemos uma jornada que neste dia 05 entrou numa fase que eu acho particularmente deliciosa. Já disse antes que prefiro ensaiar do que apresentar o espetáculo e dos ensaios o que mais gosto é quando a cabeça começa a fervilhar de idéias e discussões e o que era – ou se pretendia ser – ganha nova dimensão. E para mim, particularmente, autor do texto, ver pulular opiniões e digressões e situações, conceitos, pareceres, desejos, é muito bom; alguns mesmo subvertendo a idéia original que 06 anos atrás, criou o texto. Texto esse que agora eu acho simplório e algo confuso, não porque me gabe de agora escrever melhor, mas porque reconheço que o tempo, a leitura, o estudo, a experimentação, tantas coisas me trouxeram mais experiência, uma apropriação mais qualquer coisa com a palavra, essa amante inquieta e feminina que me dá fome, alento, parceiros, admiradores, detratores, talvez algum rival até agora não declarado. E, ao contrário da Comédia dos Erros, de Shakespeare, meus primeiros escritos não foram brilhantes. O que também não quer dizer que sejam medíocres e vendo a equipe viajar e questionar e retorcer e recriar e reescrever mesmo o texto é a prova do seu dinamismo e conteúdo. E a discussão com o Aníbal sobre estados e natureza das coisas me fez pensar em tanto que eu não pensei, ou previ e que na minha enorme vaidade eu tinha contemplado. E voltamos ao labirinto. Cada novo pensamento cria uma nova passagem que aproxima, ou distancia da saída. Mas é sair que se quer? Não será prazeroso o medo de se enfiar sozinho na mata e ver que bicho dá? O desconhecido, o medo, a dúvida não nos fazem mais gente do que o conforto da coisa feita e entregue de bandeja? Canta David Bowie no filme Labirinto, de Jim Henson, o criador dos Muppets: “No submundo você encontrará alguém verdadeiro!”. É lá no fundo da floresta e o fundo do rio que Manduca se encontra. É mergulhando nesse novo processo que encontraremos algo mais de nos e da nossa Arte. Vamos levar o público para uma viagem mata adentro e mergulhá-los num universo de encantarias que pode ser o total clichê dos espetáculos e textos que tratam de nossas lendas e cultura e que não vai durar mais do que uma temporada. Esforço perdido; ou vamos dar a eles os porquês, os senões. Os talvez, criar novas verdades, gerar novos desejos e fazer do Uirapuru um trabalho que percorra os anos pelo céu, pela terra, pela água barrenta coalhada de branco-rosas flores de vitória-régia.
Obrigado por entrarem na mata comigo! Eu não teria a menor chance sem qualquer um de vós.

Beijos encantados.
HUDSON ANDRADE
05 de fevereiro de 2009.
12h27

O UIRAPURU

O Uirapuru é a sexta produção da Companhia Teatral Nós Outros. Constam em nosso currículo outros espetáculos dirigidos por Adriano Barroso, Aílson Braga e Hudson Andrade, que junto com Belle Paiva, fundou a companhia em 02 de junho de 2002, data de estréia de Fica Comigo Esta Noite, nosso primeiro trabalho. Sexta produção se não contarmos que O Glorioso Auto do Nascimento do Cristo-Rei, que estreou em 2004, tem uma encenação diferente a cada ano. Mas deixemos assim!

O Uirapuru tem texto de Hudson Andrade, premiado pela Fundação Nacional de Artes – FUNARTE, em 2003, no seu concurso de dramaturgia e em 2008 recebeu o Prêmio Cláudio Barradas, promovido pela Secretaria de Cultura do Estado do Pará – SECULT. É graças a esse incentivo que o espetáculo poderá ser montado, já que em 2005, houve uma primeira tentativa, sem êxito.

A direção é de Aníbal Pacha, que traz de In Bust Teatro com Bonecos sua experiência com formas animadas, para garantir mais uma etapa no processo de amadurecimento da Nós Outros no fazer teatral, processo que iniciou em 2007 com o projeto Outros 5 Anos, coordenado por Adriano Barroso, que se propõe a experimentar e pesquisar o teatro, formando atores e atrizes conscientes da sua arte e promovendo uma linguagem própria da companhia. A idéia é também de conhecer o trabalho de outros profissionais, daí a participação de Henrique da Paz (Grupo Gruta de Teatro), Aílson Braga, Miguel Santa Brígida (Companhia Atores Contemporâneos e Companhia Brasileira de Cortejos), Ana Flávia Mendes (Companhia Moderno de Dança), Ana Cláudia Costa (Instituto Ocara) e agora, Aníbal Pacha, que também assina a concepção de figurinos, bonecos, cenários e maquiagem. De Outros 5 Anos renderam Exercício Nº 01: O Homem do Princípio ao Fim (a partir do texto de Millôr Fernandes) e A Comédia dos Erros (William Shakespeare), ambos com direção de Adriano Barroso.

Completam a equipe técnica Júnior Cabrali (direção musical), Sônia Lopes (iluminação), Frank Costa (direção de palco), Emerson (bonecos e cenários) e Carlota Vale (confecção de figurinos e adereços).

Em cena, atores de carne e osso e formas animadas. Integram o elenco: Hudson Andrade, Mary Ferreira, Cleciano Cardoso, João Lucas, Laíla Cardoso e Nhofy Coso.

Outros 5 Anos se propõe ainda a trazer novos membros para a Nós Outros, abrindo espaço para outros profissionais e reforçando com talentos nosso quadro. Integram essa equipe: Andrew Villas-Boas, Kléber Gemaque e Francisco Neto.

O Uirapuru estréia dia 03 de abril de 2009 e cumpre temporada até o dia 26 desse mês, em horários a confirmar, no Teatro Experimental Waldemar Henrique, na Praça da República.

Acompanhem nossa produção neste blog e no Orkut: http://www.orkut.com.br/Main#Profile.aspx?uid=4684540308426825752


Estejam conosco e venham pra mata sem medo que o Curupira os perca! Ou torcendo pra isso!!!