sábado, 7 de fevereiro de 2009

O LABIRINTO


Todo processo é um labirinto: uma entrada, uma só saída. Inúmeras possibilidades. Agora não é diferente. A entrada no dia 02 de fevereiro, a saída o espetáculo pronto. Já houve uma substituição, já houve ausências,o tesão parece que está vindo devagar, seja porque saímos mexidos do Glorioso, seja pela nova experiência ( o Pacha, bonecos, texto novo!). Da primeira experiência / tentativa em 2005se reencontraram eu, Aníbal (agora diretor), Sônia e Cleciano. Novos amigos (Nhofy, Andrew, Gemaque, Laíla, Neto), parceiros de alguma data (Cabrali, Mary, Lucas). E então nos juntamos nesse caldo verde e empreendemos uma jornada que neste dia 05 entrou numa fase que eu acho particularmente deliciosa. Já disse antes que prefiro ensaiar do que apresentar o espetáculo e dos ensaios o que mais gosto é quando a cabeça começa a fervilhar de idéias e discussões e o que era – ou se pretendia ser – ganha nova dimensão. E para mim, particularmente, autor do texto, ver pulular opiniões e digressões e situações, conceitos, pareceres, desejos, é muito bom; alguns mesmo subvertendo a idéia original que 06 anos atrás, criou o texto. Texto esse que agora eu acho simplório e algo confuso, não porque me gabe de agora escrever melhor, mas porque reconheço que o tempo, a leitura, o estudo, a experimentação, tantas coisas me trouxeram mais experiência, uma apropriação mais qualquer coisa com a palavra, essa amante inquieta e feminina que me dá fome, alento, parceiros, admiradores, detratores, talvez algum rival até agora não declarado. E, ao contrário da Comédia dos Erros, de Shakespeare, meus primeiros escritos não foram brilhantes. O que também não quer dizer que sejam medíocres e vendo a equipe viajar e questionar e retorcer e recriar e reescrever mesmo o texto é a prova do seu dinamismo e conteúdo. E a discussão com o Aníbal sobre estados e natureza das coisas me fez pensar em tanto que eu não pensei, ou previ e que na minha enorme vaidade eu tinha contemplado. E voltamos ao labirinto. Cada novo pensamento cria uma nova passagem que aproxima, ou distancia da saída. Mas é sair que se quer? Não será prazeroso o medo de se enfiar sozinho na mata e ver que bicho dá? O desconhecido, o medo, a dúvida não nos fazem mais gente do que o conforto da coisa feita e entregue de bandeja? Canta David Bowie no filme Labirinto, de Jim Henson, o criador dos Muppets: “No submundo você encontrará alguém verdadeiro!”. É lá no fundo da floresta e o fundo do rio que Manduca se encontra. É mergulhando nesse novo processo que encontraremos algo mais de nos e da nossa Arte. Vamos levar o público para uma viagem mata adentro e mergulhá-los num universo de encantarias que pode ser o total clichê dos espetáculos e textos que tratam de nossas lendas e cultura e que não vai durar mais do que uma temporada. Esforço perdido; ou vamos dar a eles os porquês, os senões. Os talvez, criar novas verdades, gerar novos desejos e fazer do Uirapuru um trabalho que percorra os anos pelo céu, pela terra, pela água barrenta coalhada de branco-rosas flores de vitória-régia.
Obrigado por entrarem na mata comigo! Eu não teria a menor chance sem qualquer um de vós.

Beijos encantados.
HUDSON ANDRADE
05 de fevereiro de 2009.
12h27

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