segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

O QUE SERÁ QUE SERÁ?




O que cantam os poetas mais delirantes? Já disse que me surpreendo ao ver os desdobramentos dO Uirapuru. Tô vendo que o que vai para a cena é um outro, que nem é o 2º, ou o 5º. Será um sei-lá que número de tanto que nós retorcemos as coisas. Adoro! Sério! Agora fica claro pra mim o que é ser dramaturgo. Depois que o texto perdeu seu status de soberano e o próprio ator deixou de ser a razão do teatro enquanto entidade, vemos esse trabalho conjunto onde o que está nas entrelinhas grita mais do que o verniz dessa pílula nem sempre fácil de engolir. Acostumado a cortar as gorduras do texto conforme a encenação exigia com um “Foda-se!” (isso não é uma crítica negativa, Adriano!) agora o olhar do criador está presente e há quase sempre um pedido de licença para liberdades e um “E isso?” no olhar e na voz. Eu, da minha parte, já me propus a reescrever o que for preciso e me coloquei na condição de colaborador consciente das necessidades de se montar um texto que não foi pensado para teatro de formas animadas e que caminha célere para isso. Ouvir a direção que pode substituir falas por música (sem letra, esclareço!) e personagens por luz dá um frio na barriga e um salto no peito. Enquanto a vaidade pede que tudo permaneça intocado, a razão anseia por essa novidade e a deseja como algo que só vai acrescentar nessa experiência.
Luz e música, aliás, definiu-se, são duas ENTIDADES no texto, ou melhor, na encenação. Os músicos que sempre acompanharam a Nós, desta vez Laíla e Nhofy, agora estarão em cena mesmo, dentro, personagens,ou eles próprios entidades entre tantas que o texto propõe.
E há duas SENSAÇÕES para o espetáculo a partir de dois elementos constantes no texto: a floresta que nos dá uma sensação de EXERCÍCIO DE HUMILDADE quando Manduca – o protagonista (e talvez o seu próprio antagonista) – sai da clareira, avança a mata ciliar até o fundo de um mato que se torna cada vez mais desconhecido e, quem sabe, sem volta. Avançar, ou recuar? Enfrentar, ou acomodar-se? E o que esse caminho vai oferecer? O outro elemento é a água, da chuva, do sonho, do rio que nos remete a uma sensação de FINITUDE porque é em situações-limite que as coisas assumem nova dimensão, ou sua real dimensão.
E decupando o texto traduzimos cada cena em palavras e vamos assim orientando direção, atores e técnica para o resultado dessa empreitada. O prólogo então é LIBERDADE (mas a frase que tu destacaste, Aníbal, não é minha pedra de toque neste trecho!). A cena 1 é SUFOCAMENTO. A cena 2, dividida em 2 ficou 2 = EVOCAÇÃO e 2.1 = MUNDIADO. E paramos por aí que já eram 22h30 e não havia mais tempo e ainda sobrava pano pra manga, rosa, boceta, porruda, que quebra pára-brisa de carro. E todo mundo queria ficar nesta sexta e todo mundo achando que segunda ainda iria demorar. Mas deixa que seja assim. Essa expectativa dá uma liga boa e vai chegar todo mundo na reunião seguinte com a maior gana, sobretudo Mary e Andrew que precisaram se ausentar na quinta e na sexta. Agora têm que correr atrás. Fôu-da-se!!! Agora fiquem sem dormir.

Em tempo, os trabalhos acontecem na Casa da Linguagem, de 2ª a 6ª, das 19 às 22h30. A Casa fica na esquina da Nazaré com Assis de Vasconcelos e desde já agradecemos muitíssimo ao Aldo Carvalho. Valeu, mano!

Palavras beijadas.
HUDSON ANDRADE
08 de fevereiro de 2009 AD
11h53

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