quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

AS COBRAS DOS LABIRINTOS VOAM


Pensa que não?! Então te mete. Ou melhor, mete um desses ofídios num labirinto qualquer e não precisa esperar muito para que o bicho suma. Não, ele não se enfiou num buraco nem saiu do outro lado. Sumiu mesmo e como os processos de fissão nuclear não funcionam muito bem com seres orgânicos, é que elas voaram mesmo.
Cobras são algo claustrofóbicas e por isso não suportam muito tempo em locais de pouca mobilidade e é só reparar nessas que saem de cestos e covas como estão estressadas e prontas a morder até o calcanhar de Aquiles.
E não tem porque duvidar. Se até as vacas do Quintana voam, por que as cobras não podem fazer o mesmo? Existe nelas um desejo de liberdade e seus corpos cilíndricos são aerodinamicamente perfeitos para cruzaras ares como setas escamadas e multicores. Suas asas... – Sim, asas! E com penas e tudo. Duvidando de novo? E Quetzalcoalt, deus da criação, do aprendizado e dos ventos, adorado pelos Maias e Astecas, que é uma serpente emplumada? Te sai dessa!!
As cobras voam dos labirintos. Aceita, garoto!!!
Da especulação passamos à explicação. Nada místico: cobras e uirapurus são mensageiros de Rudá, deus tupi do amor. O uirapuru traz os sentimentos que Rudá manda dos céus aos enamorados e cabe às cobras injetá-los nos humanos, mordiscando o seio das mulheres e a nuca dos homens. E tinha que ser assim, né? Afinal, todo amor tem alguma coisa de venenoso. Mas voltando. Quando alguma cobra é presa num labirinto, o uirapuru vem pelo alto e a carrega dali. Às vezes ele perde algumas penas no resgate. Daí a crença popular de que as cobras criam asas e voam dos labirintos. Nada demais. Puro corporativismo!
Incosteste apenas o fato de que cobras e uirapurus estão reunidos, ao menos neste espetáculo, onde cabe a mim dar vida ao Uirapuru e à Caninana na sua fase cobra. A fase turista fica a cargo da Mary Ferreira.
E assim, definidos os personagens, é aprofundar e lhes dar anima, o que neste início de semana ficou séria e negligentemente prejudicado por trabalho, chuva, reuniões, podólogos, conserto de bicicleta e risoto de alho-poró com bolo molhadinho de doce de leite com canela.
Acho que o dia precisa ter mais do que 24 horas e eu, mais vergonha na cara e organização.

Beijos ruborizados.

HUDSON ANDRADE
16 de fevereiro de 2009 AD16h30

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